31/10/2008

carnaval

Quando comecei a ter liberdade para sair à noite, que não foi assim muito cedo, sim, que eu tenho uns pais porreiraços mas um bocado jurássicos na mentalidade, decidi pôr as contas em dia. Ou seja, saía quase sempre, a noite toda, muitas vezes chegava só mesmo a tempo de ver os meus pais sairem para o trabalho.
Durante alguns anos, mal parava em casa. Depois a coisa sossegou mais e comecei a sair só mesmo quando me apetecia.
Depois veio outra fase ainda, a de ser ponto assente que nas noites de quinta, sexta e sábado eu não ficava em casa. Desse por onde desse. Ia sempre tendo namorado e já sabíamos que estaríamos sempre juntos, onde quer que fôssemos, salvo excepções.
Quando acontecia não ter nada combinado, entendia que não ficaria em casa, de qualquer modo, e saía, algumas vezes sem destino nem companhia certa, alguma coisa haveria de aparecer. Muitas vezes o que aparecia não era de todo recomendável, mas eu não ficaria sozinha. Ficar sozinha nas noites de fim de semana deprimia-me. Ainda me deprime. É uma espécie de atestado de solidão.
Continuam a não ser muito recomendáveis as minhas opções para colmatar essa solidão. Hoje, como antes, saio na mesma, ainda que a companhia não seja a que mais apetece, ainda que o programa não seja o melhor.
Mas saio. A solidão do fim de semana pesa pela vida. A casa asfixia-me. O silêncio sufoca-me. Nessas noites saio sem prazer, à espera do prazer que há-de vir depois, o dos copos bebidos a mais, o das conversas que não me apetecem, o dos sorrisos sem significado. Um prazer relativo, ou não fosse ele toldado pelo álcool e pelo peso de um plano B, que é o que estas saídas são, um escape, uma máscara, uma fuga para a frente.
Hoje é sexta feira. Dia de me mascarar de gaja da noite.

Sem comentários: