09/10/2008

a planta

Eu sei que sou cabra, cabrinha, pronto. Mas não no sentido de prejudicar alguém.
Sou uma cabra requintada.
No período de férias tornou-se uma prática comum abandonar animais, como se fossem bonecos velhos que estorvam e ocupam espaço. Este Verão cheguei à conclusão que também se abandonam plantas. No enorme prédio onde vivo, em pleno Agosto, havia pisos que estavam praticamente vazios. O meu era um. Só eu não me tinha ausentado. Até a senhora da limpeza tinha ido de férias.
Num cantinho do patamar do meu andar, lá estava uma planta. De dia para dia parecia mais amarela, apesar de eu a regar.
Um dia pensei que talvez ela precisasse de claridade e à noite, feita assaltante, abri a porta e sem fazer ruído, e sempre controlando os elevadores, agarrei nela e levei-a para casa. Arranjei-lhe um cantinho lá em casa onde o sol bate, soalheiro.
E não é que ela parece que ganhou vida?
Fim de Agosto. Um dia cruzo-me com uma das minhas vizinhas que me aborda, dizendo: por acaso não deu conta de levarem uma planta que eu pus à minha porta, não?"
Fiz o meu melhor ar de espanto e arregalei os olhos: uma planta? Levaram-lhe uma planta? Isto realmente, há gente para tudo!
Quando voltei costas, sorri, com a certeza de que tinha feito uma boa acção.
E a planta lá continua, verdinha, saúdavel e com muita luz.

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