09/10/2008

mééé

Há cabras que não fazem mééé. Tomam duche de manhã, levam os miudos à escola, vão trabalhar, tudo normal.
Não fazem mééé mas dão coices, daqueles disfarçados, que a maior parte nem nota, a não ser quem apanha com eles em cheio nos olhos.
Dantes, quando eu era nova e ingénua, depois do coice ficava assim muito enfiadinha, com a supresa de ter sido coiceada, com a desilusão, com a tristeza de haver gente tão falsa e sem saber como reagir.
Agora já não. Já tenho calo e cheiro uma cabra à distância. Os sinais são claros, claríssimos, daqueles que a gente sente mas pelos vistos os outros não vêem.
Felizmente nem todas as gajas são assim, felizmente a maior parte das gajas não é assim. Mas as que são, porra, são a valer, de forma tão perfeita que nem dá para registar em filme o momento do coice. De forma tão perfeita que nem sequer acreditam em nós quando dizemos: aquela gaja deu-me um coice.
Por isso, uma pessoa fica obrigada a ser também cabra, a responder à letra, a fazer o mesmo jogo sujo enquanto tapa o nariz por causa do cheiro e tenta digerir a cegueira dos que estão em redor. Porque uma cabra não é cabra para toda a gente, uma cabra é esperta, olá se é.

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