25/11/2008

escolhas

A Mariana tem 11 anos e é a minha filha
Já falei dela. É uma miúda desenrascada, nada materialista, muito responsável e com ideias formadas. Às vezes acho que demasiado vincadas para a sua idade. Defende e argumenta correctamente aquilo em que acredita ou não.
Ontem ao jantar contava-me o seu dia de aulas. Parece que por alguma razão entrou numa conversa filosófica com a sua professora de português, já que, baseado num livro, o autor falava na divisão das almas, umas para o céu outras para o inferno. E aquilo lá entrou em conflito com as suas ideias e, como uma pequena guerreira lá disse à professora que não acreditava em almas, nem que quando se morre se vai para o céu ou para o inferno, lá disse, que na terra é que tudo se resolvia.
A professora lá foi conversando com ela com manifesto interesse (pelo que a minha filha me ia dando a perceber).
Para rematar a conversa, a Mariana, percebendo que não adiantava prolongar a conversa, finaliza dizendo: como é que eu posso acreditar que há almas boas e más ou que vamos para o céu ou para o inferno quando morremos se eu não acredito em Deus? Acredito que houve um homem chamado Jesus, mas um Deus lá em cima, não.
Portanto, 24 miúdos gritaram "oh! Não acreditas em Deus?"
E a professora apenas acrescentou: "nem todos acreditamos em Deus e como devem saber, na escola, muitos alunos não são crentes. Eu apenas não sabia que tinha nas minhas turmas um desses alunos..."
O facto de se revelar com outra maneira de ver as coisas e com opiniões diferentes, não perturbou nada a Mariana. Eu apenas lhe sorri, ciente de que essa era uma escolha sua, sem que eu lha tivesse algum dia incutido. Pisquei-lhe o olho e perguntei: "não aproveitaste para dizer que aos 3 anos já não acreditavas no Pai Natal, não?"
E ela riu, senhora de si.

Sem comentários: