01/11/2008

postiço

Percebi finalmente que nesta idade as mulheres ou saem umas com as outras enquanto os respectivos também combinaram qualquer coisa entre eles ou então são como as minhas amigas: mal-amadas. Don't get me wrong, eu também fui e sou assim. Entendo perfeitamente que me digam que não podem ir comigo beber um copo porque é noite de romance e relax com o mais que tudo. Se pudesse eu faria o mesmo. Aliás, faço sempre que posso. Mas a verdade é que aquelas que estão disponíveis para farras de fim de semana, são as mal-amadas, as que não têm ninguém em casa à sua espera ou as que têm mas fogem à companhia.
As outras, as felizes, estão disponíveis para um copo ou uma imperial no final do dia de trabalho ou para horas ao telefone. As mal-amadas amparam-se umas às outras. Procuram fugas juntas, mascaram-se de mulheres bonitas e libertas.
Já me cobraram a falta de presença, expliquei que estava in love, quem não vai entender isto? E todas nós entendemos e sabemos que, mais tarde ou mais cedo, nos reuniremos na solidão comum.
As noites são postiças. São falsas. Cheias de brilho, de bâton, de saltos altos, de calças justas ou saias curtas, de transparências ou decotes cavados, num vale-tudo para esconder a solidão.
As felizes sabem que é assim, já passaram por isso, muitas passarão de novo, encontramo-nos sempre na mesma esquina do tempo.
As mulheres mal-amadas bebem e dançam. E riem. Divertem-se com os flirts dos fulanos que vêm mulheres sozinhas e também eles sabem que são mal-amadas, ou não estariam ali. Ou estariam, se fosse a tal excepção, mas o riso seria diferente. O riso das mulheres mal-amadas distingue-se quase pelo cheiro dos outros risos. Fica mais estridente. Mais volúvel. Mais rápido no desenho dos lábios. Mais escuro nos olhos pintados.
As mulheres mal-amadas são postiças como a noite.

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