11/11/2008

para lá do nobel

José, assim se chama o homem, autor de tão certeiras palavras, tem mais nomes, ainda que sejam só apelido, mas melhor será chamá-lo só por este, que foi com certeza o nome por que primeiro o chamou a sua mãe, se não quando ainda no ventre, que os tempos não eram de lirismos que permitissem chamar tal fruto pelo nome antes de o ter seguro na mão, melhor dizendo, no regaço, e se não quando pela primeira vez lhe saciou sede e fome, e, há quem o diga, também medo e solidão, pelo menos tê-lo-á assim chamado mais tarde, mas não muito, que criança sem nome é mais ímpia do que criança que não viu vertida pelo padre a santa e benta água sobre a sua tenra cabeça.
José, então, dizíamos, acertou nas palavras que sabiamente pôs na boca da rainha, a de áustria, assim, em minúsculas, quando as arrumou segundo a ordem que se segue: "E eu aqui, entalada entre hoje e o futuro.", e ordenando-as assim, fez com que a meio de um rio, o mesmo onde salomão, o paquiderme, se banhou mas cuja água não bebeu, uma mulher, quase tágide, musa camoniana, gosta ela de pensar em certos dias de menor luminosidade, pensasse que mais uma vez, na história da arte do país onde lhe calhara nascer, alguém, ao escrever, desta vez o tal José, mas já antes um Jorge e outra vez um Luís, buscara, sem o cuidar, no profundo fundo, e aqui perdoar-nos-ão a possível redundância, do seu subconsciente, a imagem, para não dizer o conceito, que seria talvez demais para tão fraca mulher, dela, agora escrevinhando como o Fernando quando tinha febre, ainda que sem o mesmo mister, empurrada para a frente pelas nove palavras, uma vírgula e um ponto final, na ordem por que o tal José as arrumou.

Sem comentários: