16/11/2008

são dois braços

"São dois braços, são dois braços, servem pra dar um abraço; assim como quatro braços servem pra dar dois abraços". A canção do Sérgio bem o diz, mas às vezes a gente esquece-se que os braços servem para isso. E lembra-se de outros préstimos. Cruzamo-los em atitude de defesa ou de distância. Deixamo-los cair como se não tivéssemos força. Utilizamo-los para empurrar para longe o que não queremos ver. Às vezes também os damos a torcer, mesmo que achemos que não devíamos, só para a tempestade amainar. Outras vezes usamo-los apenas para escondermos a cara. Outras ainda para dar força aos murros na almofada.
Às vezes esquecemo-nos de os usar para aconchegar um gato ou um filho. Às vezes esquecemo-nos dos abraços que já démos, dos que já recebemos e de como nos sentimos em casa.
Um destes dias recusei um abraço a um amigo. Ele precisava e eu recusei-lho, apenas porque uma vez, há algum tempo, um abraço que lhe dei foi mal entendido. Mas um abraço não se recusa. É para isso que servem os braços.

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