13/11/2008

luto

Tenho andado a pensar muito no que me disse a minha psicóloga. Acerca dos lutos. De termos que os fazer.
E dei por mim a pensar nas relações emocionais, que de melhor termo não me lembro. De todas saí por escolha minha. De nenhuma saí ainda a gostar do homem com quem estava. Quando o gosto começava a esmorecer, eu ia ficando, sempre na esperança de que voltasse, de que a desilusão desse lugar a novo alento. Quando isso não acontecia, a relação morria. E eu fazia o luto, sim, mas lá, em vida, ainda que moribunda, da relação. Depois, fazia como o Hugo, o meu gato, e enterrava os mortos debaixo de uma camada de areia.
O que eu não sabia era que em dias de vendaval, como o de hoje, o de ontem e provavelmente dos dias que se avizinham, a areia seria desviada e os esqueletos sairiam do armário, ou melhor, da sua precária sepultura. O que eu não sabia era que eles se misturariam com os vivos, que viriam esgrimir argumentos, fazer comparações do tipo "eu magoei mais do que tu!", "não, eu é que magoei mais". O que eu não sabia era que estes esqueletos seriam a amostra dos meus dias vindouros. O que eu não sabia era que era a mim que devia cobrir de areia, deixar de respirar, deixar de sentir, deixar de pensar.

1 comentário:

Anónimo disse...

como a avestruz? achas verdadeiramente que é solução? não seria melhor aspirares esse peso todo e deitares fora o saco do aspirador?

**